O mês de janeiro já começa movimentado no mundo da moda, quando os dois principais eventos do ramo no país mostram as tendências do inverno: o Fashion Rio e a São Paulo Fashion Week. A SPFW, a maior da América Latina e quinta no mundo, começa na próxima quinta-feira (19) e vai até a terça (24). Já o Fashion Rio começou ontem, na terça-feira (10), e vai até o sábado, (14). Vamos ver o que rolou de melhor no primeiro dia em passarelas cariocas?
Herchcovitch
Quem abriu o line-up foi a Herchcovitch, segunda marca do estilista Alexandre. Como na edição passada, o jeans foi a matéria prima da coleção. Usando o dark denim, Alexandre fez um interessante trabalho de desconstrução, aplicando recortes, detalhes vazados e geométricos, botões e costuras inacabadas em vestidos (que também poderiam ser casacos). As calças vieram numa lavagem desbotada, como se tivessem sido manchadas - seguindo coerentemente a inspiração do estilista, os artistas nova-iorquinos da década de 80. A silhueta é diversificada, cintura bem marcada, toque evasê nos vestidos, top cropped em conjuntos (hora calças, hora hotpants), saias pouco abaixo do joelho e as bermudas ciclistas usadas sob parkas. A camisa branca vem reinventada (max!) e a icônica caveira do estilista aparece em t-shirts e tricô (Desejo máximo?). Destaque ainda para aplicação de pele de carneiro falsa nos punhos e golas, no mix de renda e a inspiração militar da estampa de camuflagem. Cartela de cores sóbria: branco, preto, azul, vermelho, roxo e ferrugem.
Acquastudio
Seguindo Herchcovitch tivemos Acquastudio, que buscou inspiração nos anos 40 e 50 para criar uma coleção romântica e rebuscada, cheia de recortes, bordados e patchwork, no maior estilo feito a mão que lembrou alta-costura. A silhueta veio limpa, sutilmente marcada, sempre abaixo do joelho, às vezes pontuada por alguma transparência. Impossível não associar a coleção de inverno 2011 de Marc Jacobs. Alguns looks chegam a ser idênticos, diferenciando-se apenas pela profusão de detalhes da versão brasileira. O cenário da passarela e a beleza do desfile - o coque e acessórios posicionados à direita - também lembra a utilizada pelo estilista americano. De qualquer forma, destaque aos detalhes e cartela de cores misturada a tons pastéis e vinho.
Patachou
A Patachou seguiu a Acquastudio e tematicamente foi a que mais apostou. Inspirando-se no universo oriental, o que veio a passarela foram quimonos, pantalonas e túnicas reinventadas, numa tentativa de modernizar uma gueixa. Shape assimétrico, mistura de tecidos, maxigolas e bordados, cartela de cores focada nos tons terrosos e nas variações de vermelho e amarelo (Patachou aposta nos conjuntinhos!). Com certa ousadia temática, se perdeu um pouco na coerência ao longo do desfile. O início e o fim às vezes não conversavam. Destaque para a beleza (batom vinho turbinado com gloss) e o ótimo trabalha com drapeados (tornando o volume lisonjeiro) e os vestidos de couro.
Alessa
A Alessa foi sem dúvidas um dos pontos altos do dia. Numa mistura de étnico, tribal e grafismo, a marca conseguiu produzir um inverno cool, não caricato, e coerente as características da estação no Brasil. Os tons eram terrosos (lembrando a primavera da Burberry) e as estampas misturavam o grafismo tribal e o navajo, sem medo algum de crash. Com a silhueta fluida e descomplicada, leveza foi a palavra-chave. Destaque para as camisas e vestidos incríveis.
Cantão
E quem encerrou o dia foi a Cantão. Com uma silhueta que abraçava o corpo, construída como se fosse o inverso de um casulo, apresentou-se um dos melhores desfiles do dia. Easy going definiria o inverno da Cantão. Seguindo a vibe cool da Alessa, o trabalho com malhas, tricô, lã, patchwork e couro é louvável. Estampas sóbrias (flores e folhas pequenas, clássico xadrez), Off White, cinza, marrom, toques de amarelo, verde e preto, unidos a evolução a tons mais quentes como vermelho e azul klein, compuseram a cartela de cores. A silhueta arredondada, tanto nos ombros quanto nos quadris, que tinha tudo para trabalhar contra as formas femininas, foi extremamente bem executada e lisonjeira. Descomplicar foi a palavra de ordem. Cantão poderia sair das passarelas para as ruas num picar de olhos.
Pra mim os melhores são facilmente Alessa e Cantão. E pra vocês? Depois tem resumão do segundo dia!
Fotos: Reprodução
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